domingo, 1 de fevereiro de 2009

Poemas de Teixeira de Pascoaes

LXVII
Que saudades eu sinto desta flor,
Que vai murchar!
E desta gota de água e de esplendor,
Um pequenino mundo que é só mar.
E desta imagem que por mim passou
Misteriosamente.
E desta folha pálida e tremente
Que tombou...
Da voz do vento que me deixa mudo,
E deste meu espanto de criança.
Que saudades de tudo eu sinto, porque tudo
É feito de lembrança...

Teixeira de Pascoaes
Versos Pobres (1949)
In Poesia de Teixeira de Pascoaes
O poeta é um doido errando sempre além,
Que d'este mundo, em vida, se desterra...
É o ser divino e pálido que tem
Na alma toda a luz, no corpo toda a terra.
(de Cantos Indecisos, 1921)
PARAÍSOS
Temos dois paraísos: o da infância
E o da velhice;
O da flor e o do fruto,
O da loucura e o da razão.
O Jardim e o Pomar,
A Primavera, Deusa helénica,
O Outuno, Deus da Ibéria.
O resto é Inverno até à Gronelândia
E Verão até ao Cabo.
(de Últimos Versos, 1952)

1 comentário:

Anónimo disse...

Um pouco complicado de entender. Não é para todas as crianças.